sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer


O texto abaixo é extremamente belo, por sua sutileza, simplicidade e riqueza. Queria não haver suprimido umas partes, mas foi necessário para não ser um post tão maior que já ficou. Porém, a essencia do texto foi mantida. Não cabe a mim interpretá-lo, mas o dedico aos meus amigos, sim, pois mesmo sendo fugaz a vida e de termos a certeza de que um dia todos teremos um fim, já valeu ter vivido, pois é bom ter tido um amigo. Espero que apreciem.


"- Ah! disse eu ao principezinho, são bem bonitas as tuas lembranças, mas eu não consertei ainda meu avião, não tenho mais nada para beber, e eu seria feliz, eu também, se pudesse ir caminhando passo a passo, mãos no bolso, na direção de uma fonte!

- Minha amiga raposa me disse ...

-Meu caro, não se trata mais de raposa .

- Por quê?
- Porque vamos morrer de sede ...

Ele não compreendeu o meu raciocínio, e respondeu: - É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer. Eu estou muito contente de ter tido a raposa por amiga...

– Não avalia o perigo, disse eu. Não tem nunca fome ou sede. Um raio de sol lhe basta.

Mas ele me olhou e respondeu ao que eu pensava:- Tenho sede também ... procuremos um POÇO ...

Eu fiz um gesto de desanimo: é absurdo procurar um poço ao acaso, na imensidão do deserto. No entanto, pusemo-nos a caminho. Já tínhamos andado horas em silêncio quando a noite caiu e as estrelas começaram a brilhar. Eu as via como em sonho, porque tinha um pouco de febre, por causa da sede.

As palavras do principezinho dançavam-me na memória: - Tu tens sede também? perguntei-lhe. Mas não respondeu à minha pergunta.

Disse apenas:- A água pode ser boa para o coração ...

Não compreendi sua resposta e calei-me... Eu bem sabia que não adiantava interrogá-lo. Ele estava cansado - Sentou-se. Sentei-me junto dele. (...)

- O deserto, belo, acrescentou ... E era verdade. Eu sempre amei o deserto. A gente se senta numa duna de areia.Não se vê nada. Não se escuta nada. E no entanto, no silêncio,alguma coisa irradia... e ..

O que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar.

Fiquei surpreso por compreender de súbito essa misteriosa irradiação da areia.Quando eu era pequeno, habitava uma casa antiga, e diziam as lendas que ali fora enterrado um tesouro. Ninguém, é claro, o conseguira descobrir, nem talvez mesmo o procurou. Mas ele encantava a casa toda - Minha casa escondia um tesouro no fundo do coração. . .

- Quer se trate da casa, das estrelas ou do deserto, disse eu ao principezinho, o que faz a sua beleza é invisível ! (...) Como o principezinho adormecesse, tomei-o nos braços e prossegui a caminhada.Eu estava comovido. Tinha a impressão de carregar um frágil tesouro. Parecia-me mesmo não haver na Terra nada mais frágil. Considerava, à luz da lua, a fronte pálida, os olhos fechados, as mechas de cabelo que tremiam ao vento. E eu pensava: o que eu vejo não é mais que uma casca. O mais importante é invisível.., (...). E, caminhando assim, eu descobri o poço. O dia estava raiando.
- Os homens, disse o principezinho, se enfurnam nos rápidos, mas não sabem o que procuram. Então eles se agitam, ficam rodando à toa... E acrescentou: - E isso não adianta...

O poço a que tínhamos chegado não se parecia de forma alguma com os poços do Saara.(...)

- É estranho, disse eu ao principezinho, tudo está preparado: a roldana, o balde e a corda. Ele riu, pegou a corda, fez girar a roldana. E a roldana gemeu como gemem os velhos cata-ventos quando o vento dormiu por muito tempo.

- Tu escutas? disse o príncipe. Estamos acordando o poço, ele canta... Eu não queria que ele fizesse esforço: - Deixa que eu puxe, disse eu, é muito pesado para o teu tamanho. Lentamente, icei o balde até em cima, e o instalei com cuidado na borda do poço. Nos meus ouvidos permanecia ainda o canto da roldana, e na água, que ainda brilhava, via tremer o sol.

- Tenho sede dessa água, disse o principezinho. Dá-me de beber...

E eu compreendi o que ele havia buscado! Levantei-lhe o balde até a boca. Ele bebeu, de olhos fechados. Era doce como uma festa. Essa água era muito mais que alimento. Nascera da caminhada sob as estrelas, do canto da roldana, do esforço do meu braço. Era boa para o coração, como um presente. Quando eu era pequeno, todo o esplendor do presente de Natal estava também na luz da árvore, na música da missa de meia-noite, na doçura dos risos...

- Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...

- Não encontram, respondi...

- E no entanto o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d'água...

- É verdade.

E o principezinho acrescentou: - Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração...

Eu havia bebido. Respirava facilmente. A areia é cor de mel quando amanhece. E a cor de mel me fazia feliz. Por que haveria eu de estar triste?... "

O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Se eu tivesse outra vida seria da música também

A música é meu segundo ar. Algumas vezes acho que não demonstro isso como deveria aos demais, mas dentro de mim eu tenho a certeza de que seria incompleto sem a música. O dom de cantar e tocar faz parte de minha alma tão intrinsecamente que não conseguiria viver a música. Por mais que não viva de música, tenho a certeza de que a música põe vida nos meus dias. E por diversas vezes a música expressa muito mais de mim do que minhas palavras. Me valho da frase de Aldous Huxley para explicar melhor meus pensamentos:
"Depois do silêncio, aquilo que mais aproximadamente exprime o inexprimível é a música."

A canção abaixo me comove, primeiro pela voz da cantora, depois pela melodia e pela letra. Acho que essa música diz um pouco de meus pensamentos, sentimentos e gosto musical, por isso, quero compartilhá-la com vocês. A letra segue logo após o vídeo, porém a tradução fica para o próximo post, pois este já está muito longo. Espero que apreciem.



Kindly Unspoken (Kate Voegele)

As high as the moon, So high were my spirit
When you sang out my name
And coming from you it was enough just to hear it
Oh, it rang like the bells did today

But even the sturdiest ground
Can shift and can tremble and let us fall down…

Kindly unspoken You show your emotion
And silence speaks louder than words
It’s lucky I’m clever cause if I didn’t know better
I’d believe only that which I’d heard

In the days of my folly I followed your lead
Did what Simon Says to do
But I won’t let melancholy play me for a fool
Oh, no I’m on my way somewhere new

And as far as your lack of something to say
Well, to tell me goodbye there was no better way

Kindly unspoken you show your emotion
And silence speaks louder than words
It’s lucky I’m clever If I didn’t know better
I’d believe only that which I’d heard

So don’t keep me up till the dawn
With words that’ll keep leading me on
I know much better than to wait for an answer from you

Kindly unspoken You show your emotion
And silence speaks louder than words
It’s lucky I’m clever if I didn’t know better
I’d believe only that which I’d heard

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Salvem os Animais

Não sei até que ponto pode chegar a crueldade da nossa espécie com relação às outras espécies vivas. Eu entendi que a existência é algo único, precioso e fugaz. Assim como nós temos o direito de gozar a existência, as demais criaturas que compartilham este momento da eternidade conosco têm o mesmo direito. O descaso, abandono e maus tratos a animais se torna cada dia mais presente em nossa sociedade. Se nossa espécie não respeita a si própria como irá respeitar as demais?
Para quem me conhece, sabe que fui adotado pela Nina, uma pinscher de pelo preto. Como minha vida mudou depois que ela me adotou: menos estresse, mais sorrisos, companhia, carinho, presença... As vezes ela me acorda no meio da noite por que quer somente um carinho na cabeça. Quem tem um cãozinho sabe o quanto a presença desse ser nos completa. E como eu faço de tudo para que esse período da existência dela ao meu lado seja o mais feliz possível, pois tanto ela quanto eu merecemos isso.
Por não medir esforços para cuidar da Nina e por toda a alegria e carinho que ela me traz, me parece inconcebível que alguém possa maltratar esses seres. Hoje, voltando da missa, passamos ao lado da Matriz São João Batista havia um filhote de cachorro jogado dentro de uma caixa de sapatos, aparentemente ele foi atirado sem dó e nem piedade ao lado de uma rua que tem um fluxo considerável de veículos, oferecendo risco à fragil vida desse filhote, que talvez tenha sido abandonado ali propositalmente para morrer. Isso é muito cruel. Ao pegar o filhote o mesmo estava em um estado lastimável, magérrimo, com a barriga inchada e repleto de pulgas. Ele tremia de medo e provavelmente estava faminto (o que depois comprovamos em casa pois ele devorou toda a ração da Nina). É claro que o trouxemos pra casa, mas quem o adotou foi o meu cunhado.
O nome do cachorro é Pluto e agora ele tem um lar e pessoas para
amar e ser amado. E esta é sua primeira foto.
Adotar um animal faz muito bem. Nossos dias se enchem de luz e alegria.
Para aqueles que ainda não viram, segue o comercial da campanha tocante para a adoção de um cão. Você já adotou algum? Espero que este vídeo te inspire. Uma simples atitude pode fazer a diferença para um cãozinho e um passo para mundo melhor.

Considerações iniciais

Estou dando início as atividades nesse blog. Nessas páginas estarei escrevendo sobre fatos, pessoas e sobre a vida. A você que acompanha meu início, seja bem-vindo! Espero partilhar com você meus pensamentos e receber sua retribuiçao.